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terça-feira, 18 de outubro de 2016

o cansaço da obsessão

De tudo que deveria ser dito
o melhor, Adeus.
A Deus.
aDeus

A obsessão corrompe o corrompido
reclama a alma dos envolta
enquanto distrai com o mel proferido

um tanto agridoce
gordura hidrogenada
pro EGO

Ah, o ego.
ferido
cicatrizado. áreas de anestesia.
processos hipertróficos.

o melhor,
suma
suma-se
consuma-se
de longe
muito
foda-se
A-deus.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Relances

Curiosidade. Isso. Pura.

De entender o porquê
da infelicidade escondida
Quando o sucesso presente é nítido
E o futuro é evidente...

Ainda me surpreendo com essa arrogância
em pensar que nada foge aos meus olhos...

Tranquilidade. Uma palavra longa demais.
E um sentimento perigoso. Muito.
T-R-A-N-Q-U-I-L-I-D-A-D-E
É o que enxergo nas raríssimas vezes
que olho...

Porque curiosidade é só isso.
Percepções de relances.

É perigoso.
Como um poço coberto por água.
Então, já é tarde demais...

Ainda tenho vergonha. É verdade.
Mas é menor hoje. Como já disse,

Percepções de relances. Nada demais!


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Senhas

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos

Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas

Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem



                         Adriana Calcanhotto

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Psicologia de um Vencido – Augusto dos Anjos


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ó ser humano, Ó ser lacrimante, Ó ser ignóbil!

Chorar é fraquejar SIM.
Mas 'somos' humanos, a carne é fraca,
as ideias são fracas, tudo é fraco.

Não existe nada mais degradante que externalizar no derrame de lágrimas¹ que sentimos,
sofremos ou o que quer que seja, mas não somos (mesmo após anos e anos convivendo com isso)
nem capazes nem dignos o bastante para controlar, e o que é pior, não resolver o PRÓPRIO surto momentâneo mantendo a austeridade intacta, a cabeça erguida, os olhos fixos, lúcidos,
impenetráveis e secos.

Já sabemos disso. Não é necessária a
constante lembrança. (Até porquê não esquecemos.)

É para a fixação desse auto-controle, da confirmação da dignidade e austeridade adquiridas
que passamos pela infância; fase em que as lágrimas são permitidas justamente por estarmos começando, aprendendo, vivenciando, nos familiarizando com o externo e o interno (em tese, é claro).

Daí vem o meu gigantesco, visível e gritante asco para com o choro.
A ineficiência, a falta de praticidade e racionalidade dos seres humanos
irrita-me de forma agressiva e QUASE incontrolável.


 Ó ser humano, Ó ser lacrimante, Ó ser ignóbil!

¹ (Secreção jorrante da putrefação interna, nosso "calcanhar de Aquiles", 
aquilo que [d]eus criou como voz que ecoa: - Está aí a fragilidade, a impotência, a vergonha de serem pensantes, mas não racionais!)
Dignidade não significa não sentir.
É ter firmeza até mesmo quando se sente.

cala.te. e a.DOR.meça.


o desconforto
de tão irritado te deixa cego

nas partes pequenas
escondidas
e
mais dolorosas
agulhas insistem em cair

doi, doi, dor, oh
cala.te diante da provação

curve.se e agradeça
o chão de pregos que pisa


[as espumas te afundariam]

Prazer em ser,

totalmente o OPOSTO de vc!


sábado, 18 de junho de 2011

Porque eu também penso no futuro...


*Na churrascaria.

(Garçom) - Olá senhor, qual carne você deseja?
(Cliente) - Pode me ver uma alcatra.
(Garçom) - Ok, Natural ou Sintetica?
(Cliente) - Como?! Ahh sim, pode ser sintética, minha esposa não come carne natural.
(Garçom) - Certo, e como preferem a carne?
(Cliente) - Boi berrando... quero dizer reação incompleta por favor...
(Garçom) - Ok,  nosso químico começará a fazer o seu prato.

terça-feira, 14 de junho de 2011

PSICOPATIA (doença para alguns...)



- Sangue, sangue... quero sangue! A voz dizia...
A cabeça rodava, assim como a pistola na mão suada...
- Não! Chega! Não vou fazer mais isso...
- Isso o que? De novo a voz...
- Não vou mais usar isso...
A voz: - Quer uma faca então?
- Sangue, eu quero sangue...
- Com a faca corte, com a pistola atire... não interessa
- Sangue... não, esqueça!
- Eles não são mais gente... pode acabar com eles...
- São crianças...
- Armadas até os dentes... roubando por aí.
- Não, não quero...
- Você vai fazer o que te digo... se não fizer, o sangue que vou querer é o seu...
- Aquele lá, com a lata de cola... atira nele...
- Não consigo fazer mira...
- Atira porra! (barulho de tiro)
- Legal...
- Peguei no ar... tomou pipoco no ar...
- Isso... sangue... bom garoto!

A voz satisfeita... parou de falar...
Ele então foi pra casa... escondeu a pistola...
Tomou banho e vestiu o terno
Estava na primeira fila do coral da igreja
Tudo bem...
Mas... ele sabe... a voz voltará amanhã...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

domingo, 8 de maio de 2011

Exageros





E é tão certo quanto o ar que nos rodeia
a chuva que nos molha
os sonhos que temos
e a luz do Sol que vem ao nosso
encontro todas as manhãs..

acreditarei em você...
sentirei você, morrerei por você,

Ó minha alma querida!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Se não for pra me levar bem alto, melhor nem me tirar do chão....

Se não for pra me levar bem alto, melhor nem me tirar do chão....


 se não for pra me deixar tonta, não começa a me girar...
se não for pra conseguir, melhor nem tentar...
se não for pra dizer as verdades que você quer dizer, melhor nem começar a falar...


se não for pra me pra levar aos céus... ok, vamos aos infernos mesmo...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Verdade

"A purificação pelo sofrimento é menos dolorosa que a situação que se cria a um culpado por uma absolvição impensada."
                                     Dostoievski


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

Mário de Sá Carneiro

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Além - Tédio




Nada me expira já, nada me vive - 
Nem a tristeza nem as horas belas. 
De as não ter e de nunca vir a tê-las, 
Fartam-me até as coisas que não tive. 

Como eu quisera, enfim de alma esquecida, 
Dormir em paz num leito de hospital... 
Cansei dentro de mim, cansei a vida 
De tanto a divagar em luz irreal. 

Outrora imaginei escalar os céus 
À força de ambição e nostalgia, 
E doente-de-Novo, fui-me Deus 
No grande rastro fulvo que me ardia. 

Parti. Mas logo regressei à dor, 
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual: 
A quimera, cingida, era real, 
A própria maravilha tinha côr! 

Ecoando-me em silêncio, a noite escura 
Baixou-me assim na queda sem remédio; 


Eu próprio me traguei na profundura, 
Me sequei todo, endureci de tédio. 

E só me resta hoje uma alegria: 
É que, de tão iguais e tão vazios, 
Os instantes me esvoam dia a dia 
Cada vez mais velozes, mais esguios... 

Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ela em 1875, é meu espelho de hoje, 2010.

"... Seus olhos já não têm aqueles fulvos lampejos, que despedem nos 
salões, e que, a igual do mormaço, crestam. Nos lábios, em vez do cáustico
sorriso, borbulha agora a flor d'alma a rever os íntimos enlevos.
    Sombreia o formoso semblante uma tinta de melancolia que não lhe é
habitual desde certo tempo, e que não obstante se diria o matiz mais próprio
das feições delicadas. Há mulheres assim, a quem um perfume de tristeza idealiza.
As mais violentas paixões são inspiradas por esses anjos de exílio..."
            
                                                 ...


"... Era uma expressão fria, pausada, inflexível, que jaspeava sua beleza,
dando-lhe quase a gelidez da estátua. Mas no lampejo de seus grandes olhos
pardos brilhavam as irradiações da inteligência. Operava-se nela uma revolução.
O princípio vital da mulher abandonava seu foco natural, o coração,
para concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades especulativas do homem.
    Nessas ocasiões seu espírito adquiria tal lucidez que fazia correr um 
calafrio pela medula de Lemos, apesar do lombo maciço de que a natureza
havia forrado no roliço velhinho o tronco do sistema nervoso..."




fragmentos do primeiro capítulo de Senhora, José de Alencar.