quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pesadas Palavras

" não me decepciona... não me decepciona... não me decepciona... "


Começa como um simples eco
distante
antigo
que de tão antigo se torna companheiro amigo...

Aquele aperto sufocante
que te atrapalha a respirar,
a pensar, a andar, a começar
ter medo de errar, de cair,
de machucar,
de decepcionar...

Coisas pesadas...

" não me decepciona... não me decepciona... não me decepciona... "


Pesadas coisas...

Apesar do desespero,
da vontade de pedir arrego,
de querer me desmanchar de tanto chorar
e correr pra bem longe estar
quando você,
através do meu baixo eco gritar

" não me decepciona... não me decepciona... não me decepciona... "


Eu sei que vou ficar
e se precisar
aqui estarei pra sempre a escutar
sua voz sussurrar e ecoar... " não me decepciona... não me decepciona... não me decepciona... "

Mas se esperar me ver fraquejar,
por me arranhar parar de lutar,
e nos seus olhos olhar pedindo pra me amparar...

... vai me desculpar,
mas VOU te decepcionar!

Ó ser humano, Ó ser lacrimante, Ó ser ignóbil!

Chorar é fraquejar SIM.
Mas 'somos' humanos, a carne é fraca,
as ideias são fracas, tudo é fraco.

Não existe nada mais degradante que externalizar no derrame de lágrimas¹ que sentimos,
sofremos ou o que quer que seja, mas não somos (mesmo após anos e anos convivendo com isso)
nem capazes nem dignos o bastante para controlar, e o que é pior, não resolver o PRÓPRIO surto momentâneo mantendo a austeridade intacta, a cabeça erguida, os olhos fixos, lúcidos,
impenetráveis e secos.

Já sabemos disso. Não é necessária a
constante lembrança. (Até porquê não esquecemos.)

É para a fixação desse auto-controle, da confirmação da dignidade e austeridade adquiridas
que passamos pela infância; fase em que as lágrimas são permitidas justamente por estarmos começando, aprendendo, vivenciando, nos familiarizando com o externo e o interno (em tese, é claro).

Daí vem o meu gigantesco, visível e gritante asco para com o choro.
A ineficiência, a falta de praticidade e racionalidade dos seres humanos
irrita-me de forma agressiva e QUASE incontrolável.


 Ó ser humano, Ó ser lacrimante, Ó ser ignóbil!

¹ (Secreção jorrante da putrefação interna, nosso "calcanhar de Aquiles", 
aquilo que [d]eus criou como voz que ecoa: - Está aí a fragilidade, a impotência, a vergonha de serem pensantes, mas não racionais!)
Dignidade não significa não sentir.
É ter firmeza até mesmo quando se sente.

cala.te. e a.DOR.meça.


o desconforto
de tão irritado te deixa cego

nas partes pequenas
escondidas
e
mais dolorosas
agulhas insistem em cair

doi, doi, dor, oh
cala.te diante da provação

curve.se e agradeça
o chão de pregos que pisa


[as espumas te afundariam]

Prazer em ser,

totalmente o OPOSTO de vc!


Morta em vida...

...
já existem muitos nós...
nós que já não posso mais desfazer...

Começo a sufocar,
(tem alguém ai? por favor, alguém?)

O desespero que me toma conta não é aquele desespero desesperado
que vem e passa...
É aquele desespero calmo,
que faz questão de me ver começando a sussurrar,
gritar, chorar, definhar, agonizar...

(por favor, só preciso de...)

Por que fui engolir aquilo tudo?
por que não tentei lutar?
me salvar?
Não precisava ser assim
ou talvez... já nem sei...

Sabe aquele sufoco que não sufoca
mais fica te sufocando o tempo todo?

Aquele aperto que não é de verdade
mais destroi até a última gota da alegria
que você não tem mas finge estar sobrando?

Sabe quando engasgas em jejum?
com os próprios pensamentos...

(por favor, me ajuda... não me deixa assim...)

- ... Carpe Diem ...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Destrui[ndo]r indivíduos

[Dedicado à Angela di Munno]

Traçamos nossos caminhos assim que descobrimos,
mesmo que de modo inocente, nossas preferências,
nossas inclinações. Começamos sem ao menos perceber.

Não existe um momento específico.
Independe da idade, do suporte familiar,
ou de qualquer outro detalhe externo.

Todos sabemos que existir não é lá muito difícil,
porém quando nos damos conta que esses caminhos já existem,
difícil mesmo, é sentir orgulho das formas que eles tomam.

Para existir só basta nascer.
Para viver precisa-se nascer,
mas não basta só existir.

Desenhar os caminhos independe da vontade própria ou alheia.
É como o pulsar constante do músculo cardíaco, não se tem controle.
Mas quando tiramos o direito de alguém de seguir o próprio caminho...


Seria o mesmo que ao longo dos anos, irmos acumulando pequenos ateromas
na parede dos vasos sanguíneos. O coração continua a pulsar, porém 
dia após dia deteriora-se. Destrói-se as fibras musculares irreconstituíveis.

É isso que se faz quando tenta-se impor a alguém, 
ritmo com passos maiores ou menores que o tamanho
e a largura dos caminhos, já desenhados, permitem...

Para matar-se um individuo, um ser humano,
não é necessário enfiar-lhe um punhal no músculo vital.
Seria, até mesmo, muita compaixão e bondade.

A dor das bolhas em carne exposta
de quem calça sapatos menores ou maiores que seus pés 
e ainda por cima é obrigado a seguir 
t  ro p eça  nd  o  e 

                camb
                        alean
                                 do 

por caminhos alheios,
é muito maior e perdura por muito mais tempo que a dor do punhal no músculo vital.