sábado, 8 de janeiro de 2011

A teconlogia nos faz melhores?



Bill Gates me livre

Que dia! Não agüento mais estas redes de teletransporte! Até parece que voltamos ao “meu tempo”, aquela época, mais ou menos, de 2007, ou 2008, em que se tinha aquilo que costumávamos chamar de tecnologia. Que nada! Tudo sempre dava problema. As coisas não eram tão precisas como hoje em dia. Será?! Também não era para menos. Quase um século depois, havia mesmo muito o que mudar.
Apesar de todo esse avanço tecnológico, essas máquinas, de vez em quando, insistem em dar problemas. Coisa mais obsoleta! Como se não bastasse uma, esta é a segunda vez que isso me acontece. Da primeira, lembro-me bem. Acabava de me teletransportar para New Capital, aquela ilha que construíram no meio do Pacífico, e, quando dei por mim, estava calçada com apenas um sapato. O outro, descobri depois, fora extraviado para a rede Antártida-34. Dele nunca mais tive notícias.
Desta vez foi pior. Aliás, muito pior. De manhã, logo que acordei, convidei o andróide ZK para me acompanhar até a Estação Nuclear Terrestre, pois precisava resolver uns problemas. Após receber um delicado não, me lembrei de como era boa a época em que nós, os humanos, tínhamos controle sobre os sentimentos e as vontades desses robôs implicantes. Então, aprontei-me logo, pois iria sozinha e pretendia retornar a minha cuba o quanto antes. Programei o computador para ativar a rede de teletransporte e logo me desmaterializei. Quando cheguei à Estação, o estrago já estava feito.
Durante a reunião, comecei a sentir um cansaço inexplicável e uma dor horrível nas articulações. Só tinha uma explicação: as pílulas rejuvenescedoras de complexo antioxidante! Como o sapato elas haviam sido extraviadas para outra rede e, desta vez, eu nem quis saber qual. Comecei a sentir todos os sintomas de um velho, ser que nem mais existe, poderia sentir. Saí apressada rumo ao primeiro laboratório que encontrasse na minha frente. Entreguei meu chip, com todos os dados de meu metabolismo, à equipe de emergência para que, quase à pronta entrega, fabricassem as milagrosas pílulas.
Que dia! Envelheci uns bons anos. Mais algumas horas e estaria tudo perdido. Uma vida social inteira seria jogada pela janela. O que seria de mim? Uma velha em pleno século XXII! Um fóssil em pessoa, um animal em extinção. Gates me livre!