quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Post que mereceu um post (2) [sic]



Como um tigre, a manhã se aproxima.
Arma o bote diante do abismo.
Que universo é este?
Que Deus me guia?

Mastigo estrelas quentes como brasas,
me queimam a língua, como uma palavra.
Saco a morte do bolso,
atiro contra o enigma.

Carrego a minha cruz às costas, com galhardia.
Beijo a cruz como aos lábios de uma mulher.
O demônio me bafeja o calcanhar,
me cega os olhos cansados do caos cotidiano.

A árvore da eternidade tem as raízes para o ar.
Pássaros voam com ramos verdes no bico,
e caem pesados, estupefatos.
As águas vão e voltam, inúteis.

Além do véu
e dentro do espelho,
conheço quem sou: ninguém.
Espectro de outrem me habita. 
José Carlos Brandão  AQUI

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